quarta-feira, 9 de abril de 2014

APENAS LISONJAS RELIGIOSAS
Mt. 15: 7 a 9 - "E assim por causa da vossa tradição invalidastes a palavra de Deus. Hipócritas! bem profetizou Isaías a vosso respeito, dizendo: este povo honra-me com os lábios; o seu coração, porém, está longe de mim. Mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homem."
Os religiosos, independentemente, de que matiz fazem parte criam uma série de jargões, clichês, preceitos, regras e normas paralelas às Escrituras. Produzem e reproduzem teologias humanas para sustentar os seus sistemas de crenças, e, por vezes, de crendices mesmo. Refundam um outro evangelho mais aceitável às suas exigências, podendo ser estas desde as mais cruéis até as mais flexíveis.
Sacralizam coisas e coisificam Cristo que é digno de toda reverência, honra e glória. Humanizam Deus e deificam homens cínicos cujo objetivo é se locupletar às custas das igrejas e seus seguidores. São, por vezes, sequiosos por fama, prestígio e poder, pouco se importando com o destino das pessoas. Acerca destes o apóstolo Paulo já prevenia o pastor Timóteo no primeiro século da era cristã conforme II Tm. 3: 1 a 5 - "Sabe, porém, isto, que nos últimos dias sobrevirão tempos penosos; pois os homens serão amantes de si mesmos, gananciosos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a seus pais, ingratos, ímpios, sem afeição natural, implacáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando-lhe o poder. Afasta-te também desses."
Existe uma falsa teologia do "ungido do Senhor" apregoada em certos arraiais, a qual afirma que nenhuma membro da igreja pode levantar a mão contra o ungido do Senhor. Há diversos textos bíblicos com tal referência, especialmente em I e II Samuel. Entretanto, o ungido a que aludem os tais textos é o Senhor Jesus e não um homem, pastor, líder ou religioso. As referências são muito claras sobre quem é o ungido de Deus. Tal propositura visa proteger líderes inescrupulosos da ira de membros que se revoltam contra os seus atos. Entretanto desconhecem, que, é mais tremendo cair nas mãos do Deus vivo do que no desagrado de homens insanos. As Escrituras ensinam que Deus dá pastores e mestres segundo o coração d'Ele e não mimados e paparicados sequiosos por sucesso e fama.
Outra teologia resultante de invencionice é a do "casamento misto". Quando Deus proibiu o casamento entre hebreus e moças e rapazes de outras tribos habitantes da terra de Canaã, objetivava manter a unidade do povo hebreu, para que, dele pudesse vir o Messias da promessa sem mescla cultural de costumes pagãos. Este é um fato comprovável nas Escrituras em diversas instâncias. Não era por questões de maior ou menor pureza espiritual, pois esta homem nenhum possui. Deus estava forjando a identidade do povo de Israel como povo monoteísta e cujas esperanças repousassem sobre o Messias da promessa. Há nas igrejas ditas cristãs esse mito de que os jovens não devem se casar com outros de outras igrejas, ou de crenças diferentes e divergentes das suas. Alegam que isto traz maldição e gera filhos malditos por ser uma união mista ou jugo desigual. Ora, quantos são os inumeráveis casos de pessoas que se casam dentro da mesma denominação religiosa, da mesma igreja, defendendo os mesmo princípios e valores, e, no entanto, se separam, se traem ou vivem de modo truculento? Então, o casamento misto não tem nada a ver com religiões e crenças, mas ser ou não ser nascidos de Deus. Usam o texto paulino que diz: "Não vos prendais a um jugo desigual com os incrédulos; pois que sociedade tem a justiça com a injustiça? ou que comunhão tem a luz com as trevas? Que harmonia há entre Cristo e Belial? ou que parte tem o crente com o incrédulo? E que consenso tem o santuário de Deus com ídolos? Pois nós somos santuário de Deus vivo, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. Pelo que, saí vós do meio deles e separai-vos, diz o Senhor; e não toqueis coisa imunda, e eu vos receberei; e eu serei para vós Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso." O contexto nada tem a ver com matrimônio, mas sim com culto, adoração e comunhão. Há religiosos tremendamente incrédulos, como há incrédulos tremendamente honestos em sua maneira de viver moralmente.
Há ainda, aqueles que tomam o assessório pelo essencial e faz disso a base do seu sistema de crenças. O batismo em águas é um desses casos: para uns o batismo é essencial à salvação, para outros apenas um símbolo e para outros nem uma coisa e nem a outra. Ora, aquele malfeitor que estava crucificado ao lado de Jesus, o Cristo não foi batizado. Entretanto, Cristo disse-lhe que estaria com Ele no paraíso. Alguns argumentam, utilizando princípios de base forense, dizendo: enquanto o testador está vivo pode mudar o testamento. Todavia, o batismo não é um mandamento, mas apenas um rito de identificação do nascido de Deus com a morte e a ressurreição de Cristo. O verdadeiro batismo é na morte d'Ele conforme Rm. 6: 3 a 7 - "Ou, porventura, ignorais que todos quantos fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele pelo batismo na morte, para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida. Porque, se temos sido unidos a ele na semelhança da sua morte, certamente também o seremos na semelhança da sua ressurreição; sabendo isto, que o nosso homem velho foi crucificado com ele, para que o corpo do pecado fosse desfeito, a fim de não servirmos mais ao pecado. Pois quem está morto está justificado do pecado." O batismo simbólico de nada adianta se não representar visivelmente este batismo invisível e produzido pela fé genuína nos eleitos e predestinados.
Outro mito que se perpetua dentro das igrejas religiosas é o da adoração. Ora, creditam aos atos exteriores um imenso poder de convencimento de Deus a lhes ser favorável ou afável. Já se ouviu muito a seguinte expressão: "irmãos vamos adorar e louvar, porque quanto subir o louvor e adoração, mais bênçãos cairão." Isto é a coisa mais barganhistas e diabólica que se pode pregar e ensinar dentro de uma igreja. Nesta mesma linha estão os jejuns programados e forçados para convencer Deus a agir em favor deste ou daquele homem, desta ou daquela causa. Neste ponto recorda-se de uma posição piedosa de Madame Guiyon: "eu oro, não para convencer a Deus, mas até que Ele me convença."
A Bíblia é outro objeto de culto em muitas e diversas igrejas e seitas. Ela é utilizada absoluta e providencialmente fora de contexto a pretexto de culto e adoração. As traduções são absolutamente tendenciosas, e, em certos casos, perigosas. Cada tradutor toma dos códices e traduzem-nos de acordo apenas com a base de sustentação das suas crenças. Isto lembra do que confessou Watchmann Nee: "eu tenho inveja das lavadeiras da minha aldeia, porque enquanto eu tenho a palavra de Deus, elas têm o Deus da palavra." Simplesmente as lavadeiras não discutiam teologia e não sabiam doutrinas e textos de cor. Apenas criam no que as Escrituras declaram sobre Deus e o seu Filho Unigênito.
O texto de abertura deste artigo coloca em tábula rasa as tendências horizontalizadas e humanistas dos religiosos. Demonstra com absoluta clareza, que, aquilo que declaram acerca de Deus, Jesus e da verdade são meras lisonjas que invalidam as Escrituras. Sobrepõem as tradições, religiões exteriores e ritos extravagantes à verdade que é Cristo e não uma concepção filosófica, científica ou teológica. O que os lábios falam não provém do coração, ou seja, da sede da alma e do espírito. Proliferam as doutrinas e os preceitos de homens ao invés de adorar e honrar Cristo em espírito e em verdade.
Sola Scriptura!
O PECADO É A INCREDULIDADE
Jo. 8: 24 - "Por isso vos disse que morrereis em vossos pecados; porque, se não crerdes que eu sou, morrereis em vossos pecados."
Ao longo da história do cristianismo sempre se debateu exaustivamente sobre o pecado. Entretanto, pouquíssimas pessoas recebem graça para conhecer de fato o que é o pecado. Primeiramente é mister que se faça a diferenciação entre o pecado e os atos pecaminosos. Enquanto o pecado é um princípio inerente ao homem, os atos pecaminosos são suas consequências visíveis ou perceptíveis direta ou indiretamente. Assim, as pessoas cometem atos pecaminosos, porque têm a natureza pecaminosa inata. As Escrituras mostram que o pecado entrou no mundo por meio de um homem conforme Rm. 5:12 - "Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo..." À luz desta palavra, pergunta-se: como o pecado entrou no homem? Em Gn. 2: 9, 16 e 17 - "E o Senhor Deus fez brotar da terra toda qualidade de árvores agradáveis à vista e boas para comida, bem como a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal. Ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: de toda árvore do jardim podes comer livremente; mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dessa não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás." O pecado entrou em Adão, o primeiro homem, porque este não creu na Palavra de Deus, a saber, na sua ordem para não comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. A sentença da ordem de Deus indica que foi uma ordem pessoal: "... não comerás (...) certamente morrerás." Os verbos nestas expressões indicam pessoalidade e individualidade, pois requerem o pronome singular "tu" e não o pronome plural "vós". Desta forma fica evidente que a responsabilidade para crer e obedecer a Palavra de Deus cabia apenas a Adão. Por isso, Eva foi apenas enganada, enquanto Adão foi incrédulo e desobediente.
No verso 24 do evangelho de João capítulo 8 a palavra pecado está no texto original como [αμαρτίαίς] 'hamartiais', a saber, errar o alvo. Isto indica a incredulidade na sentença afirmativa de Deus, a qual foi substituída por uma sentença negativa de Satanás. Há cerca de seis palavras-chaves no texto do novo testamento para pecado, mas apenas uma se refere ao pecado como um princípio. Todas as demais palavras e suas correlatas fazem referência ao pecado como atos consequentes da incredulidade. Em Rm. 10:17 - "Logo a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo." O que, de fato, o texto está afirmando é que a fé só aparece no coração do homem como consequência do ouvir a Palavra de Deus. Logo, é aquilo que Deus diz que determina a formação da fé no homem. Quando o homem não crê, a saber, não tem fé, oportuniza a manifestação do pecado conforme Rm. 14:23 - "... e tudo o que não provém da fé é pecado." Assim, o pecado é a ausência da fé, e, tal ausência oportuniza os atos pecaminosos, a saber, atos falhos, atitudes ruins, transgressões, maldade, desobediência, imoralidade, etc.
O texto de abertura de Jo. 8:24 - "... porque se não crerdes que EU SOU, morrereis nos vossos pecados." Esta afirmação de Jesus, o Cristo conclui claramente que o pecado, enquanto natureza ou princípio é a incredulidade. Esta afirmação é bem maior do que a sua mera letra mostra aos olhos físicos. O que Jesus, o Cristo está afirmando, é que, se o homem decaído não puder crer que Ele é o próprio Deus Salvador, permanecerá no pecado original até a morte física. A expressão original de "eu sou" é 'ego eimi', fazendo referência a Ex. 3:14 - "Respondeu Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: assim dirás aos olhos de Israel: EU SOU me enviou a vós." Esta forma verbal na língua hebraica forma os tempos pretérito, presente e futuro ao mesmo tempo. Além disso, tal expressão forma o tetragrama do nome de Deus: 'Yahweh', 'Javé', 'Jeová' ou 'Iavé'. Então, tal expressão indica a natureza eternal e imutável de Deus. Logo, o que Cristo está dizendo no texto de João é que Ele mesmo era, é e será eternamente Deus. Então, se o pecador não pode crer nisso como Palavra de Deus, morrerá sem a fé, ou seja, morrerá no pecado  original. Exatamente o que aconteceu com Adão no Éden,  que, ouviu primeiramente a Palavra de Deus, todavia deu ouvidos e credulidade a uma segunda opinião, preferindo esta àquela.
O mesmo se verifica em Dt. 32:39 - "Vede agora que eu, eu o sou, e não há outro deus além de mim; eu faço morrer e eu faço viver; eu firo e eu saro; e não há quem possa livrar da minha mão." Então, Deus é. Aquele que é, sempre foi e sempre o será indefinidamente. Então, o que Jesus está afirmando é que Ele é  o mesmo Deus que sempre foi conforme  Jo. 6:20 - "Mas ele lhes disse: sou eu; não temais." Também em Jo. 13: 19 - "Desde já vo-lo digo, antes que suceda, para que, quando suceder, creiais que eu sou." Ainda em Jo. 18:6 - "Quando Jesus lhes disse: sou eu, recuaram, e caíram por terra." Neste sentido há mais incredulidade que fé nas religiões exteriores e institucionais, pois a maioria delas não ensinam a verdade que Jesus, é a encarnação de Deus Elohim Yhaweh. Muitas religiões espiritualistas apresentam Jesus, o Cristo apenas como um espírito evoluído e não como Deus. Isto é o que realiza o Diabo no coração do homem portador da natureza pecaminosa original, ou seja, a incredulidade. O problema da humanidade é o pecado, e, este, é a incredulidade no que Jesus afirma que é. O problema do homem decaído pela natureza pecaminosa é querer transformar Jesus, o Cristo no que Ele não é. É fundamental entender, que, apenas declarar que Jesus é o Salvador, Filho de Deus e o Redentor, não é credulidade ou fé na Palavra de Deus. Por isto Cristo afirma em Jo. 16:9 - "... do pecado, porque não creem em mim." Isto implica dizer que não creem no que Ele é e em quem Ele é.
Sola Scriptura!
PREGADORES DO ANÁTEMA
Gl. 1: 6 a 12 - "Estou admirado de que tão depressa estejais desertando daquele que vos chamou na graça de Cristo, para outro evangelho, o qual não é outro; senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos pregasse outro evangelho além do que já vos pregamos, seja anátema. Como antes temos dito, assim agora novamente o digo: se alguém vos pregar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema. Pois busco eu agora o favor dos homens, ou o favor de Deus? ou procuro agradar aos homens? se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo. Mas faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi anunciado não é segundo os homens; porque não o recebi de homem algum, nem me foi ensinado; mas o recebi por revelação de Jesus Cristo."
Anátema é um substantivo masculino procedente do latim eclesiástico 'anathèma' e significa literalmente 'excomunhão' ou a pessoa 'excomungada'. É óbvio que ninguém pode anatematizar outra pessoa por bel prazer, simplesmente por julgar o outro um incrédulo. Este processo foi largamente utilizado pela religião romana, especialmente durante a vigência do Tribunal do Santo Ofício ou da Inquisição. No texto grego neotestamentário, anátema significa praguejar, entregar à maldição ou jurar sob pena de maldição. 
O apóstolo Paulo utiliza o expediente do anátema no texto de abertura em relação aos ensinos e não aos cristãos da Galácia. Os gálatas estavam sendo fascinados pelos pregadores de um evangelho híbrido, a saber, queriam misturar a lei à graça de Cristo, entretanto são aspectos opostos. Tal doutrina esdrúxula contrapunha-se ao evangelho verdadeiro já anunciado aos gálatas. Por esta razão Paulo está afirmando que estava admirado que estivessem desertando da graça para as obras. Informou aos gálatas que este ensino híbrido nada mais era que outro evangelho pervertido. Tal evangelho causou espanto em Paulo naquela época, entretanto, hoje é o evangelho predominante nas religiões comuns. Observando o corpo de doutrina que prevalece nas religiões institucionais, verifica-se maior ensino da lei que o ensino da salvação pela graça conforme Ef. 2: 8 a 10 - "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie. Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus antes preparou para que andássemos nelas." Veja que é pela graça e não pelas obras que o pecador é regenerado e redimido. A fé é o meio e não o fim em si mesma. Tanto graça quanto fé não são originados no homem, mas em Deus por meio de Cristo. Graça e fé são dons de Deus, precisamente para que não haja glória no pecador, pois senão dar-se-ia que do imundo poderia produzir o puro, negando Jó 14:4 - "Quem do imundo tirará o puro? Ninguém."
O ensino de Paulo é muito duro sobre este falso evangelho que tenta misturar obras de justiça própria à graça de Cristo. Ele afirma, que, ainda que um anjo do céu desça e pregue outro evangelho que não seja o da graça, seja tal evangelho anátema. Neste sentido o anátema é uma sentença de maldição que refuta tal pregação. Anátema, ainda pode ser reprovação enérgica; condenação, repreensão, maldição, execração. Nos tempos de hoje qualquer um que pregue aquilo que agrada e satisfaz a carência humana é recebido como grande virtude de Deus. Imagine se tais pessoas pudessem receber um anjo vindo do céu pregando a graça de Cristo, mas também as obras de justiça para merecer a salvação? Certamente se encurvariam para adorar tal criatura. Há grupos que pregam exatamente isto! Ensinam como base da doutrina que não há inferno, não há pecado e não há condenação eterna. Contrariamente, Cristo ensina que há todas estas coisas conforme Mt. 25:46 - "E irão eles para o castigo eterno, mas os justos para a vida eterna."
O mais inusitado nestes ensinos errôneos é que os doutrinadores querem refundar o cristianismo por uma teologia própria, o que os tornam mais anatematizantes. Produzem e reproduzem outros evangelhos mais lógicos e mais aceitáveis, porém absolutamente apostatados da verdade. Eles tomam apenas as porções que lhes interessam para justificar suas falsas doutrinas, negando todo restante que lhes condena. Ora, as Escrituras são una, ou seja, ensinam a mesma verdade do início ao fim. Não há partes aceitáveis e partes refutáveis. Este é um típico ensino humanista e errôneo típico dos anatematizantes inspirados por espíritos enganadores que se passam por anjos de luz e ministradores da justiça conforme II Co. 11: 14 e 15 - "E não é de admirar, porquanto o próprio Satanás se disfarça em anjo de luz. Não é muito, pois, que também os seus ministros se disfarcem em ministros da justiça; o fim dos quais será conforme as suas obras." Tais ensinos estão centralizados no inimigo das almas dos homens disfarçado de guias, espíritos ministradores e no próprio homem. O verdadeiro evangelho está centralizado em Cristo, na graça e não nas obras de justiça humana. A graça é extremamente ofensiva ao homem cuja natureza é contaminada pelo pecado. A graça retira do homem a possibilidade de salvar-se a si mesmo numa espécie de evolução e sublimação pela prática de boas obras. O texto de Efésios 2 demonstra que as boas obras são de Deus e que foram preparadas antes que houvesse o mundo e os homens para que estes andassem nelas depois de regenerados pelo verdadeiro evangelho. Muitos religiosos se comportam exatamente em oposição a este ensino, invertendo e transformando a verdade em mentira conforme previsto em Rm. 1:25 - "... pois trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram à criatura antes que ao Criador, que é bendito eternamente." É claro que analisadas humanisticamente, tais doutrinas são boas, pois ensinam a caridade, o amor ao próximo, a resignação diante das vicissitudes da vida. Entretanto, estas coisas não retiram a natureza decaída do homem. Tal remoção só é possível pela inclusão do pecador na morte de Cristo para destruição da sua natureza adâmica conforme Rm. 6: 6 a 8 - "... sabendo isto, que o nosso velho homem foi crucificado com ele, para que o corpo do pecado fosse desfeito, a fim de não servirmos mais ao pecado. Pois quem está morto está justificado do pecado. Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos..." O velho homem é a velha natureza contaminada pelo pecado e o corpo do pecado é exatamente a natureza pecaminosa inoculada no homem por Satanás. Observe que o texto se refere ao "velho homem" e não ao "homem velho." Não é uma questão de idade, mas de natureza!
Estes ensinos anatemáticos tentam convencer os incautos levantando dúvidas sobre as Escrituras. Entretanto, eles mesmos lançam mão de partes dela para justificar seus erros e desvios. Desconhecem diversos princípios da Palavra de Deus e entram em contradição em seus dogmas. Não sabem, por exemplo, que os códices da Bíblia são sempre os mesmos, o que tem erros e desvios são as traduções que os religiosos fazem destes códices. Cada um traduz os textos originais com base no seu sistema de crença, logo desvirtuam as Escrituras para que elas se curvem às suas crendices erroneamente chamadas de cristãs.
Finalmente em Jo. 12: 24 e 25 - "Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo caindo na terra não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto. Quem ama a sua vida, perdê-la-á; e quem neste mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna." O grão de trigo a que alude o texto é, em princípio, o próprio Jesus, o Cristo que teria de morrer para regenerar os eleitos. É, ainda, uma alusão à morte e à ressurreição de Cristo como o meio de destruição do corpo do pecado, ou seja, da natureza pecaminosa do homem. Quem é o que ama a sua vida? O que crê que sua redenção depende das suas ações e não da graça de Cristo. O ensino de Cristo neste texto de João é que, aquele que tenta promover a sua própria redenção perderá a sua vida eternamente, mas aquele que, rendendo-se à cruz e crendo que foi crucificado com Cristo ganhará a vida eterna. A vida a que alude o texto de João é 'psiken', ou seja, a vida almática e não a vida do espírito. Isto porque a salvação é da alma e não do espírito. Este veio de Deus pelo sopro da vida e a Deus retornará quando for separado do corpo e da alma.
Sola Gratia!

FELIZ É O HOMEM I

Pv. 28: 13 e 14 - "O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia. Feliz é o homem que teme ao Senhor continuamente; mas o que endurece o seu coração virá a cair no mal."
O dicionário traz, no verbete felicidade, as seguintes acepções: 'qualidade ou estado de feliz; estado de uma consciência plenamente satisfeita; satisfação, contentamento, bem-estar, boa fortuna; sorte, bom êxito, acerto, sucesso'. É por via de consequência também um adjetivo de dois gêneros que significa: 'favorecido pela sorte; ditoso, afortunado, venturoso.' Percebe-se, claramente, que todas as acepções têm como referência aquilo que o homem idealiza, deseja, quer e busca para sua vida. Vê-se que toda a carga dos significados deste significante está centrada apenas no desejo do homem. O desejo de felicidade é uma carência do homem projetada por ele e que se dirige a ele, como sinônimo de alegria, satisfação e completude da vida. 
Sabe-se, no entanto, que há pessoas as quais lutam por toda existência para obter aquilo que julga ser a felicidade, e, ainda assim, não são felizes. Outros homens nada fazem para buscar a felicidade, e, também não são felizes. Outros ainda, não lutam demasiadamente, nem deixa de almejar a felicidade, quer por palavras, quer por ações e reações, e, ainda assim, não são também felizes. A questão é que ninguém é feliz apenas por buscar a felicidade, porque dar-se-ia que ela se reduziria a uma mercadoria comprável, elaborável ou construível a partir das ações humanas. As questões do ser feliz e do estar feliz necessitam ser consideradas, porque aquela é um estado contínuo, resultante de alguém ser completo e perfeito, já, esta, é mera consequência da dose de expectativa que o homem projeta sobre si, sobre os outros homens e sobre o mundo. Neste sentido, o que produz o estado de felicidade para um, pode produzir a tristeza e a desgraça de outro. O estar feliz é efêmero, mas o ser feliz é um princípio inerente e imanente daquele que é portador da felicidade. Portanto, feliz é o homem que ganha a felicidade de Cristo.
Pv. 8:34 - "Feliz é o homem que me dá ouvidos, velando cada dia às minhas entradas, esperando junto às ombreiras da minha porta." O texto demonstra na sua essencial significação que o homem é feliz quando ouve a Palavra de Deus e a considera, guardando ou internalizando cada dia aquilo que Deus estabelece como verdadeiro e justo. Ele espera e guarda as coisas espirituais como um processo natural e não como um ritual de religião exterior.
Pv. 3:13 - "Feliz é o homem que acha sabedoria, e o homem que adquire entendimento." o estado de ser feliz é a consequência de o homem achar a sabedoria e obter o entendimento a partir dela. Sabe-se que há duas naturezas de sabedoria: a terrena e do alto. A terrena é humana e diabólica conforme informa Tg. 3:15 - "Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica." É um estado passageiro, porque sediado na Terra, é originada na alma, porque é animal e também diabólica, porque as Escrituras afirmam que quem cogita das coisas do homem é o Diabo conforme Mc. 8:33b - "Para trás de mim, Satanás; porque não cuidas das coisas que são de Deus, mas sim das que são dos homens." A razão porque a sabedoria humana é desqualificada é o que consta no verso 14 da epístola de Tiago: "Mas, se tendes amargo ciúme e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade." O que é o ciúme senão o desejo que algo ou alguém lhe seja por exclusiva propriedade? O sentimento dividido conduz o homem infeliz a dar glória e a mentir contra a verdade. Sabe-se que a verdade não é uma mera concepção, mas uma pessoa, a saber, Cristo. Ele mesmo afirma que é 'a verdade, o caminho, e a vida.'
A sabedoria que provém do alto, ou seja, de Deus difere substancialmente da sabedoria terrena conforme Tg. 3: 17 e 18 - "Mas a sabedoria que vem do alto é, primeiramente, pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade, e sem hipocrisia. Ora, o fruto da justiça semeia-se em paz para aqueles que promovem a paz." Uma coisa será pura quando não se deixa contaminar ou poluir por outras coisas de naturezas diferentes. O ato de ser pacífico resulta de ter a paz, e, esta é também uma pessoa, isto é, Cristo. Ele mesmo diz: 'a minha paz vos dou, não vo-la dou como o mundo a dá.' O mundo presume produzir a paz a partir de coisas, mas Cristo doa-se a si mesmo. A moderação é o equilíbrio, ou seja, evitar os extremos. Ser tratável é aquele que é aberto às manifestações e reações externas. A plenitude da misericórdia ocorre quando se tem perfeita consciência que o coração do homem é miserável e carece da graça de Deus em Cristo. Os bons frutos não são o resultado da ação que parte da iniciativa do homem, mas que resulta da ação de Deus no homem. A imparcialidade é a condução sem pender, nem para a direita, nem para a esquerda sobre as demandas do mundo e dos homens. Por isso Jesus, o Cristo afirma em Jo. 12:43 - "... porque amaram mais a glória dos homens do que a glória de Deus." Assim, a felicidade do homem está naquilo em que ele põe o seu coração, o seu entendimento e de onde busca a sabedoria. A glória dos homens é terrena, almática e diabólica. Portanto, é transitória, mas a glória de Deus é espiritual, celeste e divina. Deus é felicidade, não apenas  possui felicidade como que uma porção mágica que se dispensa aos homens e depois acaba, necessitando de maiores porções a cada momento. Ele é a própria felicidade, porque completo, pleno e absoluto.
A infelicidade humana consiste em encobrir as suas transgressões, ou seja,  em não reconhecer quem de fato é. Na maior parte das vezes o homem apenas declara verbalmente algum erro ou mau comportamento, mas isto não é confissão. Ao conhecer e reconhecer-se o homem decaído tem a graça para confessar-se pecador e de suplicar a misericórdia de Deus para remissão das suas transgressões. Assim, feliz só poderá ser o homem que achou a graça que salva mediante a fé, e, ambas não são resultantes dos seus atos de justiça própria, mas da misericórdia graciosa d'Aquele que é a própria felicidade.
Solo Christus!
ANDAR COM DEUS E NÃO SER MAIS ACHADO
Gn. 5: 22 a 24 - "Andou Enoque com Deus, depois que gerou a Matusalém, trezentos anos; e gerou filhos e filhas. Todos os dias de Enoque foram trezentos e sessenta e cinco anos; Enoque andou com Deus; e não apareceu mais, porquanto Deus o tomou."
Em hebraico o vocábulo andar ou caminhar ocorre sob duas semânticas: como verbo que expressa a ideia de caminhar, seguir um itinerário, dar passos em uma direção, mas também por extensão de sentido significa estar em comum acordo, estar, sentir-se ou viver em determinada condição ou estado. A outra função gramatical é como substantivo masculino, o qual traz a ideia de ato ou maneira de andar. No texto acima o qual relata a experiência de Enoque, o sétimo homem depois de Adão, utilizou-se da função verbal. No verso vinte e quatro afirma-se: '£yihÈlé'Ah-te' ªônáx ªEGlahütÇCyÂw'. Esta frase significa literalmente: '... e caminhou o Enoch com Deus...' Isto implica que Enoque esteve com Deus em conformidade com sua santidade e justiça.
O texto demonstra que antes de gerar o seu filho Matusalém, Enoch não andava com Deus. Após a geração deste filho, Enoque andou com Deus por trezentos anos. Desta forma, após ser pai, Enoch foi convertido e passou a ter uma natureza concordante com Deus. Tal concordância entre um homem decaído e o Deus soberano e santo só é possível após uma real reconciliação. A reconciliação ou redenção do pecador perante Deus sempre foi por meio de Cristo, tanto antes, como depois da sua manifestação histórica em Jesus. Antes da concretização histórica na pessoa de Jesus, a redenção foi pela fé que o redentor viria. Depois da referida manifestação concreta, pela fé que ele já veio. Todos os eleitos e predestinados creram e crerão no salvador único, Jesus, o Cristo.
Neste texto, Enoque é um tipo de Jesus, o Cristo que viria para reconciliar os pecadores eleitos. Quando Cristo foi levado à cruz, o foi por causa dos eleitos para que fossem reconciliados com Deus. É este o sentido da dupla referência profética neste texto: "Andou Enoque com Deus, depois que gerou Matusalém... e gerou filhos e filhas." Tanto se refere à experiência de conversão de Enoque e da geração da sua descendência, como da morte de Cristo e dos regenerados por Ele na cruz.
I Ts. 4:1 - "Finalmente, irmãos, vos rogamos e exortamos no Senhor Jesus que, como aprendestes de nós de que maneira deveis andar e agradar a Deus, assim como estais fazendo, nisso mesmo abundeis cada vez mais." Paulo doutrina a Igreja em Tessalônica como é o andar em Cristo. Sabe-se que é impossível agradar a Deus sem a fé conforme Hb. 11:6 - "Ora, sem fé é impossível agradar a Deus." Sabe-se ainda que a fé é dom obtido pela misericórdia e pela graça alcançadas em Cristo. A fé não é um exercício de religião exterior. Também são características do que anda com Deus em Cristo aquelas apontadas em Cl. 1:10 - "... para que possais andar de maneira digna do Senhor, agradando-lhe em tudo, frutificando em toda boa obra, e crescendo no conhecimento de Deus..."
A experiência de Enoque é uma prefigura do arrebatamento da Igreja no fim dos tempos conforme Hb. 11:5 - "Pela fé Enoque foi trasladado para não ver a morte; e não foi achado, porque Deus o trasladara; pois antes da sua trasladação alcançou testemunho de que agradara a Deus." Desta forma o autor da epístola aos hebreus confirma o que está no texto de abertura que diz: "Enoque andou com Deus; e não apareceu mais, porquanto Deus o tomou." Esta é, portanto, a experiência da Igreja formada por todos os eleitos e regenerados cujos nomes foram escritos no livro da vida do Cordeiro. Ao tempo em que ganham a experiência de novo nascimento, passam a andar com Deus por meio da vida de Cristo. Esta experiência é um deserto, no qual, cada um é testado em suas fraquezas e aperfeiçoado na vida de Cristo. 
Andar com Deus é, portanto, uma experiência resultante da ação monérgica do próprio Deus. Este processo é iniciado após a regeneração para tornar os eleitos apresentáveis diante d'Ele conforme Cl. 1: 21 e 22 - "A vós também, que outrora éreis estranhos, e inimigos no entendimento pelas vossas obras más, agora contudo vos reconciliou no corpo da sua carne, pela morte, a fim de perante ele vos apresentar santos, sem defeito e irrepreensíveis." Desta forma a reconciliação dos eleitos e regenerados não se dá por seus atos de bondade ou de justiça própria, mas porque foram reconciliados por meio da inclusão no corpo de Cristo em sua morte de cruz. Enquanto as religiões humanistas prosseguem no falso evangelho, não experimentarão a verdade que liberta total e absolutamente.
Sola Scriptura!
CRISTIANISMO SEM CRISTO X
Tt. 1: 9 a 16 - "... retendo firme a palavra fiel, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para exortar na sã doutrina como para convencer os contradizentes. Porque há muitos insubordinados, faladores vãos, e enganadores, especialmente os da circuncisão, aos quais é preciso tapar a boca; porque transtornam casas inteiras ensinando o que não convém, por torpe ganância. Um dentre eles, seu próprio profeta, disse: os cretenses são sempre mentirosos, bestas ruins, glutões preguiçosos. Este testemunho é verdadeiro. Portanto repreende-os severamente, para que sejam são na fé, não dando ouvidos a fábulas judaicas, nem a mandamentos de homens que se desviam da verdade. Tudo é puro para os que são puros, mas para os corrompidos e incrédulos nada é puro; antes tanto a sua mente como a sua consciência estão contaminadas. Afirmam que conhecem a Deus, mas pelas suas obras o negam, sendo abomináveis, e desobedientes, e réprobos para toda boa obra."
A existência de uma categoria de cristianismo anômalo é perfeitamente visível na atualidade. Entretanto, não é por questões comportamentais que se percebe isto, mas pela proclamação de um falso evangelho. Em geral, as pessoas acusam esta ou aquela religião de não ser verdadeiramente cristã por razões ligadas à baixa moralidade dos seu seguidores. Porém, o comportamento ético-moral de um cristão é pautado pela vida de Cristo e isto só é possível quando se ganha a vida d'Ele como um princípio interior. De nada aproveita uma pessoa se conter para não cometer delitos, erros, atos pecaminosos, sendo portador da natureza pecaminosa em seu coração. Tal natureza é residente e persistente em todos os homens conforme Rm. 5: 12 e 18 - "Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porquanto todos pecaram. Portanto, assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação e vida." Então, o pecado tornou todos os homens injustos, a saber, desajustados em relação à natureza de Deus. Todavia, a justificação em Cristo torna todos os eleitos e regenerados novamente justificados perante Ele. Ao processo de restauração do espírito corrompido no homem, dá-se o nome de "novo nascimento" ou regeneração. A regeneração, isto é, nova geração em Cristo não é um exercício de religião exterior.
Segundo o texto de abertura, é a palavra fiel, ou seja, a pregação de acordo com as Escrituras que é conforme a doutrina e não a doutrina conforme a palavra do pregador. Isto implica dizer que a pregação é fiel quando anuncia o ensino das Escrituras. É esta postura que torna o pregador dotado da autoridade do alto e não os seus preceitos, regras, normas comportamentais, rituais e liturgias. Os pecadores poderão até atacar o pregador, mas jamais poderão contra a verdade conforme II Co. 13:8 - "Porque nada podemos contra a verdade, porém, a favor da verdade." É a doutrina sadia, pura e exata que silencia os contradizentes e não doutrinas de homens cujas mentes são contaminadas pela corrupção do pecado original.
As fábulas judaicas mencionados por Tito é uma referência ao emaranhado dos preceitos da religião legalista. Os insubordinados e falaciosos misturam sempre algo a mais à pureza do evangelho. Verifica-se muito nestes dias o renascimento da tendência à diluição da graça com a lei. À adoção por diversas igrejas do "cristianismo sem Cristo" se dá pelos valores e ensinos do judaísmo, originando as doutrinas judaizantes. Decoram as igrejas com réplicas da arca da aliança, instituem ministradores da música como levitas, tocam o 'shofar' que era usado apenas para as convocações à oração e assembleias dos anciãos. Há grupos que constroem seus templos como réplicas do templo de Salomão.
No tocante aos mandamentos de homens referidos por Paulo é uma alusão aos ensinamentos gnósticos introduzidos nas igrejas por influência da filosofia helênica naquele tempo. Hoje, o gnosticismo se prolifera abertamente na adoção de diversas práticas místicas cujo objetivo é colocar toda a centralidade no homem  e nos seus feitos para alcançar espiritualidade. Ora, como se pode alcançar espiritualidade se o espírito do homem está "morto" para Deus? Por esta razão é que o apóstolo afirma: "antes tanto a sua mente como a sua consciência estão contaminadas." Enquanto o pecador decaído e corrompido não é reconciliado pela justificação em Cristo, nada nele é espiritual. O "cristianismo sem Cristo" sobrevive de alimentar  a alma contaminada pela natureza pecaminosa, confundindo suas reações sensoriais como coisas espirituais. Por isto Jesus, o Cristo ensina em Jo. 3: 3 e 5 - "Respondeu-lhe Jesus: em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Jesus respondeu: em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus." Então, sem novo nascimento, não vê e não entra!
Solo Christus!
VIVER PARA QUEM E PARA QUE?
Rm. 14: 7 a 14 - "Porque nenhum de nós vive para si, e nenhum morre para si. Pois, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. De sorte que, quer vivamos quer morramos, somos do Senhor. Porque foi para isto mesmo que Cristo morreu e tornou a viver, para ser Senhor tanto de mortos como de vivos. Mas tu, por que julgas teu irmão? Ou tu, também, por que desprezas teu irmão? Pois todos havemos de comparecer ante o tribunal de Deus. Porque está escrito: por minha vida, diz o Senhor, diante de mim se dobrará todo joelho, e toda língua louvará a Deus. Assim, pois, cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus. Portanto não nos julguemos mais uns aos outros; antes seja o vosso propósito não pôr tropeço ou escândalo ao vosso irmão. Eu sei, e estou certo no Senhor Jesus, que nada é de si mesmo imundo a não ser para aquele que assim o considera; para esse é imundo."
Uma das maiores dificuldades do homem regenerado é manter-se em posição e relação absolutamente dependente da graça de Deus. Há enorme dualidade, porque de um lado o nascido de Deus foi libertado da culpa do  pecado, mas de outro lado ainda vive em um mundo sob a influência do pecado. A libertação que Cristo veio realizar, e realizou, abrange a aniquilação da culpa do pecado. Isto implica dizer que a morte que separava o homem decaído foi aniquilada na morte d'Ele conforme Hb. 9:26 - "... mas agora, na consumação dos séculos, uma vez por todas se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo." Foi um único  ato com efeito abrangente e eterno. Quanto a libertação da influência do pecado é um processo permanente ao longo da vida nesta esfera da existência conforme Pv. 4:18 - "Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito." O justo a que alude o texto não é justo segundo a sua própria justiça, mas aquele que foi justificado em Cristo. O que conta é a justiça de Cristo no regenerado e não seus atos de justiça própria.
O texto de abertura ensina sobre a razão de ser da vida dos eleitos e regenerados. Mostra que, uma vez redimido, o eleito não se pertence mais, pois quer viva, quer morra, vive e morre para o Senhor de suas vidas. A maioria dos religiosos vive uma dicotomia: em suas palavras declaram viver para Cristo, em seus atos insistem em dirigir suas vidas para si mesmos. Querem apenas usufruir das bênçãos oferecidas nas Escrituras. Recebem a doadão, mas não ao doador. Buscam desenvolver uma espécie de santidade própria à revelia daquele que é o Santo. Isto ocorre, porque suas doutrinas são ensinos de homens e não das Escrituras. Não sabem pelo espírito que Deus não aceito o que é mal e também o que é o bem produzidos pela vontade do homem. Tudo  deve ser desconstruído para Cristo ser formado na nova criatura nos moldes de II Co. 5:17 - "Pelo que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo." Para que tudo seja, de fato, novo a condição é "estar em Cristo." Um homem só está em Cristo quando recebe graça para crer que foi incluído em sua morte, como também na sua ressurreição. Tolo é o religioso que acredita que Jesus, o Cristo estava sozinho na cruz. O ensino é substitutivo, mas também inclusivo conforme Jo. 12: 32 e 33 - "E eu, quando for levantado da Terra, todos atrairei a mim. Isto dizia, significando de que modo havia de morrer." Jesus, foi levantado da Terra três vezes: na cruz, na ressurreição e na ascensão. Neste texto fica claro que é na crucificação, pois especifica e tipifica a morte e não a ressurreição e a ascensão.
Muitas igrejas e seitas transformam o reino de Deus em questões puramente comportamentais. Definem como essencial o que a pessoa come, como se veste e o que faz ou deixa de fazer. Abandonam e desprezam o próprio Senhor Jesus e põem a ênfase em questões morais. O que adianta a um portador da natureza pecaminosa  abandonar atos e atitudes de imoralidade se não estiver em Cristo. As suas boas ações lhes servirão apenas para viver exteriormente bem, mas jamais poderão redimi-lo da maldição interior do pecado. Ao nascido do alto, entretanto, os seus atos  e atitudes corretos ou incorretos serão todos  passados pelo crivo da vida de Cristo que nele passa a habitar. Para os regenerados em Cristo,  o que conta é o que Cristo é neles e não o que eles fazem ou deixam de fazer por si mesmos. Nos redimidos, é a vida de Cristo que põe em marcha o processo da produção  da santidade d'Ele. O ensino  paulino não deixa margem às dúvidas conforme Gl. 2: 19 e 20 - "Pois eu pela lei morri para a lei, a fim de viver para Deus. Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé no filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim." Morrer para a lei é morrer para os valores humanistas consagrados como solução para ganhar a vida eterna. Ao morrer para os preceitos da lei, a vida de Cristo ocupa o lugar e dá início à vida d'Ele como centralidade. Paulo mostra que, mesmo a vida sob influência do pecado que há no mundo, está sendo conduzida por Cristo pela fé. Este texto mostra claramente a morte inclusiva e substitutiva: "... já estou crucificado com Cristo" e "... e se entregou a si mesmo por mim."
Então, viver para Cristo é viver à disposição d'Ele e não por meio de atos e atitudes próprios, ainda que éticos e morais. Quanto a conduta correta ao longo da vida é consequência da vida de Cristo e não a causa dela. Por estas razões é que há muitas brigas, disputas e rachaduras nas igrejas institucionais. Os religiosos disputam entre si  quem  é mais santo, mais justo e mais merecedor da graça de Deus. Ascendem a fogueira das vaidades, tornando o que deveria ser exemplo da vida de Cristo em escândalos e soberba religiosa. Neste sentido, ofendem ao Senhor Jesus, o Cristo e afastam-se cada vez mais da sã doutrina das Escrituras.
Sola Gratia!
CRISTO: ESSÊNCIA E CONVERGÊNCIA
Rm. 11: 33 a 36 - "Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! Pois, quem jamais conheceu a mente do Senhor? ou quem se fez seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele, e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém."
Watchaman Nee em sua obra "Cristo, A Essência De Tudo O Que É Espiritual" afirma que não há nada fora de Cristo. É importante ressaltar que este verdadeiro cristão teve uma profunda experiência espiritual, além de ter passado boa parte da vida nas prisões da China Comunista. Tal reclusão não era por outras questões, senão por defender o evangelho verdadeiro. Ele demonstra na obra retromencionada que a única realidade que Deus tem para o homem é Cristo e não coisas. Mostra claramente que, quem tem Cristo, tem tudo, porque Ele é o tudo de Deus. 
Muitos religiosos, no afã de satisfazer apenas seus desejos humanos substituem o doador, que é Cristo, pelas doações ou bênçãos materiais. Tendo o doador, têm-se todas as doações, mas nem sempre quando se têm as doações se pode ter o doador. Tais pessoas cultuam um cristianismo triunfalista e de recompensas, desenvolvendo, para tanto, uma teologia singular: afirmam que prosperidade, saúde, fama e prestígio são sinais da aprovação de Deus na vida de uma pessoa. Ora, ainda que Deus possa conceder bênçãos a qualquer pessoa, nada do que é material pode conquistar o reino espiritual. O que é corruptível não pode herdar o reino eterno, pois a natureza deste reino é incorruptível, logo, tais coisas não se sustentariam nele. É como afirma Jesus, o Cristo: "... o que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro se perder a sua alma?"
Outros religiosos não conseguem distinguir entre quem é o Cristo pré-existente ao próprio mundo e o homem histórico Jesus nascido de mulher. Obviamente, não são duas pessoas distintas, mas uma única pessoa dotada de duas naturezas: a divina e a humana. Assim, Jesus, o Cristo é o único ser em todo o universo que é cem por cento homem e cem por cento Deus. A fusão destas duas naturezas se descreve em Jo. 1: 14 - "E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade; e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai." O verbo a que alude o texto é a tradução portuguesa para "Logos", que, em última análise, significa a palavra ou o princípio ativo e criativo de Deus. Os mundos, a saber, a soma de todas as coisas foram criadas pelo poder da palavra conforme Hb. 11:3 - "Pela fé entendemos que os mundos foram criados pela palavra de Deus; de modo que o visível não foi feito daquilo que se vê."
No capítulo um do evangelho de João leem-se as seguintes revelações: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez." Mostra que o verbo, a saber, o Logos é Cristo e que Ele é Deus, portanto, anterior ao homem histórico Jesus. Ele é o gerador de todas as coisas que há, antes que qualquer delas houvesse. Isto porque as Escrituras no-lo informam que Ele é antes de todas as coisas conforme Cl. 1: 17 - "Ele é antes de todas as coisas, e nele subsistem todas as coisas." Desta forma é Cristo, de fato, a essência de todas as realidades e todas elas subsistem n'Ele.  Não há dicotomia ou tricotomia alguma. Estas ideias moduladas de ver o  mundo é consequência da natureza pecaminosa e do ensino desvirtuado da verdade nas religiões. Milhões de pessoas buscam religião, mas o mundo e a natureza pecaminosa continuam residentes e latentes em suas mentes e corações. Enquanto, não experimentarem o nascimento do alto, permanecerão em suas religiões e crendices horizontalizadas e desesperadas.
O texto de abertura dá uma visão simplificada da essência e da profundidade das realidades espirituais. Portanto, tais esplendentes realidades só poderão ser conhecidas pelo espírito. Isto porque o ensino mostra que "Deus é espírito e as coisas espirituais só podem ser discernidas espiritualmente." Esta é a razão de tanta miséria, divisão, soberba e orgulho religioso dentro das igrejas. Elas querem alcançar o espiritual pelo almático e material, buscam as armas verdadeiras, valendo-se das armas errôneas. Neste sentido acabam por desenvolver os poderes latentes da alma, julgando serem poderes originados de Deus. Ledo engano! São antes poderes puramente humanos controlados e manipulados pelo Diabo. 
Também é mister dizer que tudo converge para Cristo. Em Cl. 1: 16c  diz: "... tudo foi criado por ele e para ele." Ele, Cristo, não só criou todas as coisas, como todas elas convergem para ele na restauração final. Por esta razão é que todo joelho se dobrará e toda língua confessará que Ele é o Senhor Soberano e Absoluto conforme Rm. 14: 11 - "Porque está escrito: por minha vida, diz o Senhor, diante de mim se dobrará todo joelho, e toda língua louvará a Deus." Até mesmo os que forem julgados e condenados eternamente reconhecerão Cristo como Senhor. A lei veterotestamentária convergiu e terminou em Cristo conforme Rm. 14:4 - "Pois Cristo é o fim da lei para justificar a todo aquele que crê." Desta forma, Cristo é o fim, tanto como ato final e definitivo como finalidade da existência da lei, quer seja cerimonial, quer seja moral antes da sua manifestação concreta e histórica em Jesus.
Sola Gratia!